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Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Acervo Raymond Cantel
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
CRLA-Archivos - Université de Poitiers
Description
An account of the resource
(Português)
Acervo Raymond Cantel foi formado a partir da coleção de folhetos reunida por Raymond Cantel durante as suas viagens ao Brasil, desde 1959 até o início dos anos 80, sendo constituída por mais de 4000 documentos. Trata-se da maior coleção francesa e uma das maiores coleções europeias de literatura de cordel brasileira.
Foi doada à Universidade de Poitiers, sob a custódia do CRLA-Archivos (Centre de Recherches Latino-Américaines-Archivos), em 2001, por Paulette e Jacques Cantel, mulher e filho do pesquisador. Encontra-se, atualmente, na sala 124 da Maison des Sciences de l’Homme et de la Société (MSHS), com previsão de mudança para o setor de Acervos Antigos da Biblioteca Universitária da Faculdade de Letras, em 2023. Karina Marques e Sandra Teixeira, professoras do Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros, são as responsáveis científicas pelo acervo.
Os folhetos foram os primeiros documentos do acervo catalogados, digitalizados e disponíveis para consulta a um público alargado através da “Biblioteca Virtual Cordel” (https://cordel.edel.univ-poitiers.fr/), que foi ao ar 2014, ano de comemoração do centenário de nascimento de Raymond Cantel. Além dos folhetos brasileiros, parte mais numerosa e fundadora da coleção, documentos de outras origens vieram a ser incluídos: 121 livretos portugueses; 80 franceses (sendo 1 em provençal e 1 em pictavo-sântone); 22 em espanhol; 18 em catalão; 18 italianos e 1 em alemão. Todas as fichas catalográficas dos documentos do acervo estão disponíveis no portal, juntamente com alguns folhetos digitalizados. Os demais documentos poderão ser solicitados através do email karina.marques@univ-poitiers.fr , mediante análise do pedido, que, se autorizado, implicará na assinatura de um termo de confidencialidade, com valor jurídico para a proteção da propriedade intelectual da obra em questão.
A essa coleção original, vieram somar-se outras que se encontram em tratamento:
- “Coleção biobibliográfica Cantel/cordel” : composta por manuscritos de artigos escritos pelo pesquisador; matérias sobre a sua figura e trabalho publicadas em jornais brasileiros e franceses; e a correspondência trocada com escritores e cordelistas brasileiros – este material enriquece sobremodo o conjunto, visto que revelador do contexto em que a coleção se formou e de sua inserção no fluxo de intercâmbios culturais e científicos entre a França e o Brasil (digitalizada e catalogada em sua quase totalidade, mas aberta à inclusão de documentos relevantes, ainda não disponível on-line).
-“Coleção audiovisual Cantel/cordel”: registros sonoros de conferências proferidas por Cantel no Brasil; apresentações em vídeo e áudio de poetas, cantadores e repentistas gravadas pelo pesquisador e seus colaboradores; gravações de música popular brasileira (apenas a parte sonora foi digitalizada, ainda não disponível on-line).
- “Col. Nélida Piñon”: coleção constituída por 48 documentos, composta, na sua grande maioria, por títulos clássicos da literatura de cordel, escritos entre os anos 50 e 70 e reeditados pela Editora Luzeiro. A doação foi feita aquando da entrega do título de Doutor Honoris Causa à escritora pela Universidade de Poitiers, em 1997 (inteiramente digitalizada e catalogada, apenas as fichas catalográficas estão disponíveis on-line).
- “Col. Neuma Fechine Borges”: coleção composta por 7 folhetos de grandes nomes de literatura de cordel, escritos entre os anos 50 e 80, doados pela professora de literatura brasileira da Universidade Federal da Paraíba, aquando da entrega do título de Doutor Honoris Causa a essa escritora brasileira pela Universidade de Poitiers, em 2005 (inteiramente digitalizada e catalogada, apenas as fichas catalográficas estão disponíveis on-line).
- “Col. Marcelo Soares”: 30 xilogravuras do artista Marcelo Soares doadas ao acervo aquando da sua participação em exposições montadas no âmbito das festividades programadas durante o Ano do Brasil na França, em 2005 (ainda não digitalizada, nem catalogada).
- “Col. Francisca Pereira dos Santos (Fanka)”: coleção de autoria feminina reunindo 213 folhetos, escritos sobretudo entre os anos 90 e a primeira década do século XX, dentre os quais foram identificadas 34 ilustradoras e xilogravadoras e 62 cantadoras repentistas. A coleção foi constituída entre 2011 e 2013, aquando da estadia para pesquisa desta professora e pesquisadora de biblioteconomia da Universidade Regional do Cariri (UCA) na Universidade de Poitiers entre 2011 e 2013. (ainda não digitalizada e nem catalogada pelo CRLA-Archivos; catálogo pessoal da autora publicado em livro: O livro Delas: catálogo de mulheres autoras no cordel e na cantoria nordestina, Fortaleza : IMEPH, 2020).
- “Col. Augusto Nobre”: constituída por 137 folhetos, além de livros e livretos que carregam a estrutura de poesias rimadas em estrofes. Esses documentos foram coletados entre setembro de 2012 e maio de 2013, durante a estadia deste professor de física da Universidade Regional do Cariri (UCA) na Universidade de Poitiers (ainda não digitalizada, nem catalogada pelo CRLA-Archivos; catálogo pessoal do autor publicado em livro: Folhetos de cordel científicos: um catálogo e uma sequência de ensino, São Leopoldo: Trajetos Editorial, 2017).
Desde o fim de 2018, com o registro da literatura de cordel e dos seus bens conexos (cantoria e xilogravura) como patrimônio cultural imaterial brasileiro junto ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), os esforços da equipe lusista do CRLA-Archivos têm se voltado à catalogação e digitalização da “coleção biobibliográfica Cantel/cordel” de forma a dar a conhecer a figura desse pesquisador cujo papel no processo de patrimonizalização do cordel é inquestionável. Juntamente com essa coleção, duas conferências proferidas pelo pesquisador no Brasil (Bahia, 1965 (?)/ Brasília, 1970) foram catalogadas e digitalizadas.
Para reconstituir o espírito de sinergia criado por Cantel e no respeito aos direitos autorais dos múltiplos atores sociais envolvidos, os demais documentos da “Coleção audiovisual ssCantel/cordel” serão, igualmente, objeto de tratamento posterior, para eventual publicação on-line – aberta ou restrita – na “Biblioteca Virtual de Cordel” (https://cordel.edel.univ-poitiers.fr/) ou consulta local na Universidade de Poitiers. O mesmo ocorrerá com a “Coleção de xilogravura Marcelo Soares” e com as demais coleções de cordel doadas por outros colecionadores.
Todo esse corpus numérico será armazenado na plataforma digital francesa Huma-Num de forma a ser estocado de forma perene, acessível de forma rápida e segura, e disponível facilmente para pesquisa e interação de metadados.
Sobre Raymond Cantel
Raymond Cantel (1914-1986), eminente professor e pesquisador francês, lecionou durante anos na Universidade de Poitiers, onde dirigiu a faculdade de Letras e fundou o Centre de Recherches Latino-Américaines (CRLA), em 1966, antes de concluir sua carreira em Paris na Universidade Sorbonne. Entre o final dos anos 1950 e os anos 1960, após análises marcantes sobre o padre Antônio Vieira, começou a reunir uma coleção de folhetos, além de diversos materiais relativos à literatura de cordel produzida no Brasil (gravações, vídeos, etc.).
Desde então, a paixão de Cantel pela cultura popular brasileira tornou-se cada vez mais forte, desdobrando-se em uma série de estudos, e, principalmente, não cessando de alimentar sua coleção de cordel, que cresceu ao longo de inúmeras viagens e por intermédio de uma ampla rede de contatos naquele país.
Com o passar dos anos, tal acervo, hoje sob a guarda do CRLA desde a doação oficial em 2001, transformou-se em uma das mais importantes coleções europeias de literatura de cordel brasileira, e constitui um testemunho ímpar da história da produção do cordel. A valorização deste patrimônio permite interrogar a noção de cultura “popular” e adotar uma perspectiva multidisciplinar quanto à diversidade dos suportes semióticos em jogo: folheto, cantoria, desenho, gravura…
A partir do registro da Literatura de Cordel na lista do patrimônio cultural imaterial brasileiro do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), no dia 19 de setembro de 2018, houve um recrudescimento do interesse por parte dos pesquisadores, cordelistas e leitores de cordel pelos agentes históricos envolvidos nesse processo de patrimonialização. Dentre eles, encontra-se a figura de Raymond Cantel cuja importância para a historiografia do cordel é ponto assente, tanto entre acadêmicos, quanto no seio da comunidade produtora e difusora dessa arte. Nesse sentido, Ulpiano T. Bezerra de Meneses afirma que a Cantel devemos a própria fixação do termo “cordel” para identificação desse bem cultural brasileiro: “já o termo cordel […] não é atestado como norma corrente, nem como denominação exclusiva, senão a partir de 1950s, por influência de Raymond Cantel, um especialista na littérature de colportage […] De todo modo a expressão ‘cordel’ é bastante usual e cômoda para abrigar os múltiplos componentes desse bem.” (“Solicitação de registro da ‘Literatura de Cordel’ como patrimônio cultural brasileiro”, Portal do Iphan, 19/9/2018, p. 2 <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/cordel.pdf>).
__________________________
(Français)
Le Fonds Raymond Cantel a été créé à partir de la collection de livrets de littérature de colportage brésilienne réunie par Raymond Cantel pendant ses voyages au Brésil, de 1959 jusqu’au début des années 80. La collection est constituée de plus de 4000 documents. Il s’agit de la plus grande collection française et de l’une des plus grandes collections européennes de littérature de Cordel.
Il fut légué à l’Université de Poitiers en 2001, sous la tutelle du CRLA- Archivos (Centre de Recherches Latino-Américaines-Archivos), par Paulette et Jacques Cantel, respectivement épouse et fils du chercheur. Actuellement, la collection se trouve dans la salle 124 de la Maison des Sciences de l’Homme et de la Société (MSHS), mais son déménagement vers le secteur du Fonds Ancien de la Bibliothèque Universitaire de la Faculté de Lettres et Langues est prévu en 2023. Karina Marques et Sandra Teixeira, enseignantes du Département d’études portugaises et brésiliennes, sont les responsables scientifiques du Fond.
Les livrets de Cordel, connus sous le nom de folhetos, furent les premiers documents du Fonds à être catalogués, numérisés et mis à disposition pour consultation d’un large public à travers la « Biblioteca Virtual Cordel » (https://cordel.edel.univ-poitiers.fr/), mise en ligne en 2014, année de célébration du centenaire de la naissance de Raymond Cantel. En plus des livrets brésiliens, qui constituent la partie fondatrice de la collection, et la plus conséquente, des documents d’autres origines y ont été inclus : 121 livrets portugais ; 80 français (dont un en provençal et un autre en poitevin-saintongeais) ; 22 en espagnol ; 18 en catalan, 18 en italien et 1 en allemand. Toutes les fiches des catalogues des documents du Fonds sont disponibles en ligne avec quelques livrets numérisés. D’autres documents peuvent être sollicités à l’adresse électronique karina.marques@univ-poitiers.fr. Un terme de confidentialité juridiquement valable pour la protection de la propriété intellectuelle de chaque ouvrage envoyé devra être signé, après analyse de la demande et une décision favorable.
À cette collection originale sont venues s’ajouter d’autres collections, en cours de traitement :
- « Collection biobibliographique Cantel/cordel » : composée de manuscrits d’articles écrits par le chercheur, des reportages sur sa personne et son travail publiés dans des journaux brésiliens et français, ainsi que sa correspondance échangée avec des écrivains et des auteurs de Cordel brésiliens. Ce matériel enrichit grandement tout l’ensemble, puisqu’il est révélateur du contexte dans lequel s’est formée la collection et de son insertion dans le flux d’échanges culturels et scientifiques entre la France et le Brésil (numérisée et cataloguée dans sa quasi-totalité, mais ouverte à l’inclusion de documents pertinents ; pas encore mise à disposition en ligne).
- « Collection audiovisuelle Cantel/cordel » : des enregistrements sonores de conférences prononcées par Cantel au Brésil ; des présentations de poètes, cantadores et repentistas en vidéo et audio, enregistrées par le chercheur et ses collaborateurs, ainsi que des enregistrements de musique populaire brésilienne (seule la partie sonore a été numérisée, mais n’est pas encore disponible en ligne).
- « Collection Nélida Piñon » : collection constituée de 48 documents, composée, en majorité, par des classiques de la littérature de colportage, écrits entre les années 50 et 70 et réédités par la maison d’édition Luzeiro. Léguée lors de la remise du titre de Docteur Honoris Causa à cette écrivaine en 1997 par l’Université de Poitiers (entièrement numérisée et cataloguée, mais seules les notices bibliographiques sont disponibles en ligne).
- « Collection Neuma Fechine Borges » : collection composée de 7 livrets de grands noms de la littérature de colportage brésilienne, écrits entre les années 50 et 80, légués par cette professeure de littérature brésilienne de l’Université Fédérale de la Paraíba lorsqu’elle a reçu le titre de Docteur Honoris Causa en 2005 par l’Université de Poitiers (entièrement numérisée et cataloguée, mais seules les notices bibliographiques sont disponibles en ligne).
- « Collection Marcelo Soares » : 30 xylogravures (gravures sur bois) de l’artiste Marcelo Soares léguées au Fonds lors de sa participation à des expositions organisées dans le cadre des festivités programmées pendant l’Année du Brésil en France en 2005 (pas encore numérisée ni cataloguée).
- « Collection Francisca Pereira dos Santos (Fanka) » : collection constituée d’ouvrages écrits par des auteurs femmes, qui réunit 213 livrets, écrits surtout entre les années 90 et la première décennie du XXème siècle, parmi lesquels furent identifiées 34 illustratrices et xylograveuses et 62 repentistas. La collection fut réunie entre 2011 et 2013, au moment du séjour de recherche de cette professeure et chercheuse en bibliothéconomie de l’Université Régionale du Cariri (UCA), à l’Université de Poitiers entre 2011 et 2013 (pas encore numérisée ni cataloguée par le CRLA-Archivos ; le catalogue personnel de l’auteure est publié en livre sous le titre : O livro Delas : Catálogo de mulheres autoras no cordel e na cantoria nordestina, Fortaleza : IMEPH, 2020)
- « Collection Augusto Nobre » : constituée de 37 livrets de Cordel en plus de livres et d’autres types de livrets écrits sous la forme de poésie de poésies rimées en strophes. Ces documents furent collectés entre septembre 2012 et mai 2013, pendant le séjour de ce professeur de physique de l’Université Régionale du Cariri (UCA) à l’Université de Poitiers (pas encore numérisée ni cataloguée par le CRLA-Archivos ; catalogue personnel de l’auteur publié en livre sous le titre : Folhetos de cordel científicos : um catálogo e uma sequência de ensino, São Leopoldo : Trajetos Editorial, 2017).
Depuis fin 2018, avec l’inscription de la littérature de colportage et de ses biens connexes (xylogravure et cantoria) au patrimoine culturel immatériel brésilien par l’IPHAN (Institut du Patrimoine Historique et Artistique National), les efforts de l’équipe lusiste du CRLA-Archivos ont été consacrés au catalogage et à la numérisation de la « collection biobibliographique Cantel/ Cordel », de façon à faire connaître ce chercheur dont le rôle dans le processus de patrimonialisation du Cordel est indéniable. Avec cette collection, deux conférences prononcées par le chercheur au Brésil (Bahia, 1965 (?)/ Brasília, 1970) ont été cataloguées et numérisées.
Pour reconstruire l’esprit de synergie créé par Cantel et dans le respect des droits d’auteur des divers acteurs sociaux impliqués, les autres documents de la « Collection audiovisuelle Cantel/Cordel » feront également l’objet d’un traitement ultérieur, pour une éventuelle publication en ligne – en accès ouvert ou restreint – dans la « Bibliothèque Virtuelle Cordel » (https://cordel.edel.univ-poitiers.fr/) ou consultation présentielle à l’Université de Poitiers. La même procédure est prévue pour la “Collection de xylogravure Marcelo Soares” ainsi que pour les autres collections de littérature de Cordel léguées par d’autres collectionneurs.
Tout ce corpus numérique sera stocké sur la plateforme numérique française Huma-Num pour être sauvegardé de façon pérenne, rapidement accessible en toute sécurité, et facilement disponible à la recherche et à la communication de métadonnées.
À propos de Raymond Cantel
Raymond Cantel (1914-1986) fut un éminent professeur et chercheur français. Il enseigna pendant des années à l’Université de Poitiers, où il dirigea la faculté de Lettres et Langues et fonda le Centre de Recherches Latino-Américaines (CRLA) en 1966, avant de conclure sa carrière à Paris à l’Université de la Sorbonne. Entre la fin des années 1950 et 1960, après de mémorables études sur le Père Antônio Vieira, il commença à réunir une collection de livrets en plus de divers matériels relatifs à la littérature de colportage produite au Brésil (enregistrements audio et vidéo, etc.)
Depuis lors, la passion de Cantel pour la culture populaire brésilienne devint de plus en plus forte, se déployant en une série d’études et, surtout, en alimentant continuellement sa collection de Cordel, qui ne cessa de s’agrandir au long de nombreux voyages et par l’intermédiaire d’un large réseau de contacts dans ce pays.
Au fil des années, ce Fonds, qui aujourd’hui est sous la responsabilité du CRLA depuis son legs officiel en 2001, se transforma en l’une des plus importantes collections européennes de littérature de colportage brésilienne, et constitue un témoignage unique de l’histoire de la production du Cordel. La valorisation de ce patrimoine permet de s’interroger sur la notion de culture « populaire » et d’adopter une perspective multidisciplinaire concernant la diversité des supports sémiotiques en jeux : folhetos, cantoria, dessin, gravures…
A partir de l’inscription de la littérature de Cordel dans la liste du patrimoine culturel immatériel brésilien de l’IPHAN (Institut du Patrimoine Historique et Artistique National), le 19 septembre 2018, il y eut une augmentation de l’intérêt de la part des chercheurs, auteurs et lecteurs de Cordel pour les agents historiques impliqués dans ce processus de patrimonialisation. Nous retrouvons, entre eux, Raymond Cantel dont l’importance pour l’historiographie du cordel est reconnue aussi bien entre les intellectuels qu’au sein des communautés de production et diffusion de cet art. En ce sens, Ulpiano T. Bezerra de Meneses affirme que c’est justement à Cantel que l’on doit la fixation du terme « cordel » pour l’identification de ce bien culturel brésilien : « le terme cordel […] n’est attesté comme norme courante ou dénomination exclusive qu’à partir des années 1950 sous l’influence de Raymond Cantel, un spécialiste de la littérature de colportage […] En tout état de cause, l’expression ‘cordel’ est assez habituelle et commode pour abriter les multiples composantes de ce bien. » (« Solicitação de registro da ‘Literatura de Cordel’ como patrimônio cultural brasileiro», Portail de l’Iphan, 19/09/2018, p. 2 <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/cordel.pdf>).
Folheto
fonds
Fonds auquel appartient le document (ex.: Fonds Raymond Cantel, Nouvelles Acquisitions, Fonds de Femmes, …).
FRC
numero_dans_le_fonds
2010
auteur1_normalise
Mario Paulo
auteur1_genre
Homem
lieu_edition
Lieu d'édition
Campina Grande - PB - Brasil
ill_couv
Présence d'une illustration de couverture
sim
type_ill_couv
Type d'illustration pour la couverture (xilogravure, dessin, photo...)
Xilogravura
illustrateur_couv
Illustrateur de la couverture
Leite, José Costa (JCL)
ill_4_couv
Présence d'une illustration en 4ème de couverture
não
acrostiche
sim
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Type
The nature or genre of the resource
Folheto
Title
A name given to the resource
Bandidos da serra vermelha (Os)
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
[Mario Paulo]
Format
The file format, physical medium, or dimensions of the resource
24
Language
A language of the resource
português
Rights
Information about rights held in and over the resource
Santos, Manoel Camilo dos (ed. prop.)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
Santos, Manoel Camilo dos (ed. prop.) - A Estrela da poesia
Description
An account of the resource
Nome do autor advinhado a partir do acróstico
-
https://cordel.edel.univ-poitiers.fr/files/original/1c48aeb37e264a2b495ed8660408e69a.jpg
a27f0bfa5c4abef375165823ee66d23e
https://cordel.edel.univ-poitiers.fr/files/original/6de272c716a472d60664d00b5d0cc55b.xml
87bbbecc4f4d3d9a93e4e9f7892d7a99
https://cordel.edel.univ-poitiers.fr/files/original/b227acfb9fa2e3d626a4d19c9961f7a7.pdf
c52cc6d725f2442a96cc9d18939d5c35
PDF Text
Text
A "ESTRELLA"
DA POESIA
Osbandidosda Serra Vemelha!
RUA SINDOLFO MONTENEGRO 173
CAMPINA GRANDE — PARAÍBA
��Editor
Proprietário:
Manoel Camilo dos Santos
Os Bandidos da Serra
Vermêlha (mãe e filho)
Vou falar em um capanga
dos que o sertão criou,
por nome José Maria
um homem que se formou,
tirando couro de gente
até quando se findou.
A mãe desse bandoleiro
foi assassina de chapa,
divertia no punhal
de ponta peis e de tapa,
e nunca encontrou valente
para lhe barrar o mapa.
Ela gostava de um
capanga de Lampeão,
mais não andava no bando
morava em Vila São João,
não tinha pai e nem mãe
nem parente e nem irmão.
O seu nome era Maria
uma mulher destinada,
deu em muitos cabras runis
andava desassombrada,
matava por brincadeira
e nunca temeu a nada.
�— 2 —-
Maria notou em si
os sinais de gravideis,
e o pai do seu filhinho
morreu num fôgo que feis,
ela resolveu andar
até chegar sua veis.
Ela andava pelos matos
com rifle e cartucheira,
matava para roubar
com sua mão carniceira,
onde ela chegava dava
dia santo na ribeira.
Certo dia ela chegando
numa serra inabitada,
por nome Serra Vermelha
comprida e amontanhada,
sentiu as dores que sente
qualquer senhora pesada.
Deixou a estrada longa
e a grande serra subiu,
bem no meio da ladeira
uma grande furna viu,
um canguçú da mão torta
de dentro dela saiu.
Maria sentia dôres
porém não desanimou,
pulou da burra no chão
pelo o punhal arrastou,
o tigre partiu a ela
a luta então começou.
�— 3 —-
O tigre deu-lhe uma tapa
ela caiu esparrada,
a onça foi lhe sangrar
mais tirou a conta errada,
entre uma pá e outra
levou grande punhalada.
Maria não perdeu tempo
outra punhalada deu,
bem no coração do tigre
que o animal gemeu,
não durou quinze minutos
o tigre velho morreu.
Depois de todo barulho
Maria na furna entrou,
forrou a sela no chão
com capins que ajuntou,
depois com cinco minutos
da criança descansou.
Maria ali descansou
sem ficar incomodada,
tirou o couro do tigre
com uma faca amolada,
e ficou dando pinotes
como quem não teve nada.
Ela botou no bisaco
o filhinho que nasceu,
depois montou-se na burra
saiu com o filho seu,
amamentando o menino
e ele nada sofreu.
�— 4
-
Com treis horas de viagem
chegou em uma morada,
de uma velha viuva
e ali pediu pousada,
a velha não íez questão
ela ficou arranchada.
A velha Sebastiana
pediu aquela criança,
visto que vivia só
sem nada de esperança,
visto ser o tipo homem
não botava ela na trança.
Maria disse velhinha
torça-lhe muito a orelha,
este menino vai ser
um valente sem parelha,
o primeiro bandoleiro
que deu em Serra Vermelha.
Como presente de mãe
eu lhe deixo este punhal,
para ele defender-se
chegando a hora fatal,
de enfrentar o barulho
até com um general.
A senhora por bondade
quando leva-lo p'ra pia,
lembre-se que quero o nome
dele, de José Maria,
tome dez contos de reis
adeus até outro dia.
�Dizendo isto montou-se
em sua burra ligeira,
em busca de aventuras
numa vida costumeira,
ninguem sabe do destino
da mulher aventureira.
Se via pêlo espaço
as nuvens se ajuntando,
e em uma parte só
castelos brancos formando,
era a mão do Criador
a natureza enfeitando.
No caso o grande rei
se despedindo do dia,
a lua muito frienta
no espaço aparecia,
enquanto isto a capanga
na sua burra seguia.
Vamos voltar para onde
ficou o belo menino,
enquanto a mãe dele segue
jogada pelo destino,
a viuva não sabia
que criava um assassino.
Com dois anos de idade
o menino batizou-se,
o nome Jòsé Maria
foi o que nele botou-se,
nunca teve um resfriado
nem com nada incomodou-se.
�Quando completou dez anos
já montava multo bem,
quando completou os doze
já não temia a ninguem,
comprava qualquer barulho
p'ra se devertir tambem.
\
Uma certa madrugada
a velinha adoeceu
compreendeu que morria
chamou ele esclareceu
que não era sua mãe
narrou o que aconteceu.
M e u filho lhe disse a velha
a sua mãe lhe deixou,
comigo nesta casinha
e numa burra montou,
de punhal e cartucheira
pelo mundo disertou.
Disse que você nasceu
na grande Serra Vermelha,
foi embora pelo mundo
perdida como abêlha
que não acerta o aprisco
e nem t e m uma parêlha.
O presente de mãe bôa
foi este belo punhal,
você nasceu n u m a forma
como nasce u m animal,
eu lhe peço que você
não seja um bandido mal.
�E u começo delirando
j á morrendo e sem morrer,
José disse esta velhinha
terá muito que sofrer,
vou matá-la d e punhal
p'ra findar seu padecer.
Ali matou a velinha
e José disse consigo,
ela ia sofrer muito
assim passou o perigo,
e doravante o barulho
é o m e u melhor amigo.
Botou o punhal na cinta
e tocou fôgo na casa,
os caibos, ripas e telhas
virou um montão de braza,
e José disse consigo
o mole é q u e m se arrasa.
Foi em busca da caverna
q u e ele um dia nasceu,
na grande Serra Vermelha
comprir o destino seu,
no caminho topou u m
barulhe que apareceu.
E r a u m capanga de fama
em u m cavalo castanho,
José disse cavalheiro
vá desculpando o estranho,
vamos dar uma brigada
ou eu lhe venço ou apanho.
�- 8 —
O cabra disse menino
porque não vai te criar,
mais José disse desmonte
se você sabe brigar,
eu sou pequeno mais sei
o meu punhal manejar.
O cabra então desmontou
já com o ferro na mão,
José meteu-lhe o punhal
com toda disposição,
pulando muito velois
causando adimiração.
O capanga conheceu
que levava desvantagem,
enganou José Maria
mais perdeu a pabulagem,
José manejava o ferro
mostrando muita coragem.
O bandido foi pegá-lo
com um salto de revez,
José negou tôdo corpo
e nele meteu os péis,
de punhaladas pequenas
já tinha lhe dado dez.
No ponta-pé de José
o bandido esmoreceu,
José despiu o capanga
e tomou o que foi seu,
com poucos minutos o
grande bandido morreu.
�O bandido conduzia
um chapéu de couro crú,
e um chicote bem feito
da rabada dum zebú,
era com que o sujeito
acabava sururú.
Mais um bisaco de balas
lotado de munição,
um revolver carga dupla
no pescoço uma oração,
e quatro contos no bolso
amarrado de cordão,
José vestiu toda roupa
e o dinheiro embolsou,
a oração protetôra
naquela hora rasgou,
montou no grande cavalo
e para a serra rumou.
Subiu a serra contente
como guerreiro de fama,
no meio do grande abismo
viu de capins uma cama
então naquela caverna
disvendou todo programa.
Pensou José: nesta furna
minha mãe me concebeu,
e aqui eu morrerei
comprindo o destino meu,
a estrada me dar lucro
como ninguem nunca deu.
�Quem passasse na estrada
onde José esperava,
era p'ra decidir sorte
porque morria ou matava,
o bandoleiro da serra
que não se acovardava.
Espalhou-se logo a fama
desse grande bandoleiro,
morando em Serra Vermelha
um sugeito carniceiro,
e atacava sosinho
não queria companheiro.
Homens de disposições
iam para a travessia,
discutir sorte com ele
mais o que ia morria,
ninguem lutava uma hora
com o capanga Zé Maria.
Na grande Serra Vermelha
vou deixar o bandoleiro,
para falar de Maria
qual foi o seu paradeiro,
matando para roubar
cavalo, gado e dinheiro.
Maria ajuntou um bando
para lhe acompanhar,
na cidade que chegavam
abriam logo um azar,
mulher igualmente a ela
ninguem nunca ouviu falar.
�— 11 —-
No meio da capangagem
tinha um tal de Brozeado,
esse era de Maria
o maior apaixonado,
mais ela nunca sorriu
p'ra aquele mal encarado.
Então por este motivo
Bronzeado planejava,
matar aquela mulher
que tanto lhe odiava,
e a grande bandoleira
dele não desconfiava.
Maria disse a seu povo
vamos estacionar,
na grande Serra Vermelha
para viver de atacar,
todo mundo concordou
ninguem não quis reclamar.
O seu pensamento era
ver se via seu filhinho,
na casa de Sebastiana
que ele ficou novinho.
então p'ra Serra Vermelha
com o grupo tomou caminho.
Chegando no ponto que
seu filho havia deixado,
só encontrou o vasculho
denunciando o passado,
Maria sentiu no peito
seu coração apressado.
�Acenou para seu povo
com grande constrangimeto,
na grande Serra Vermelha
fizeram o acampamento,
numa gruta tão escura
que não passava nem vento.
Aqui fica a bandoleira
do filho desenganada,
falaremos um pouco nele
porque a hora é chegada,
depois o leitor verá
uma luta ecarniçada.
José ura dia esperava
viajante na estrada,
escondido numa pedra
vinha longe um camarada,
com uma moça chorando
e já bastante cançada.
Senhores essa donzela
que esse alguem conduzia,
foi roubada em uma casa
por meio de covardia,
como não quiz o sujeito
naquela hora sofria.
Seu pai era um fazendeiro
então o seu capatais,
enganou ela e robou a
escondido dos seus pais,
e do dito camarada
tinha apanhado de mais.
�— 13 —-
Quando o cabra foi passando
espancando a moça bela,
José da pedra gritou
pode deixar a donzela,
nunca protegi ninguem
mais quero proteger ela.
O sujeito se virou
p'ra José e disse assim,
bote o revolver no quarto
querendo enfrentar a mim,
depois no punhal pontudo
se sabe quem tem mau fim.
José deu uma risada
e disse com alegria,
muito bem meu camarada
chegou no que eu queria,
e a moça assim de parte
Quis correr mais não podia.
José embocou na luta
como um cabra destemido,
com meia hora de luta
matou o desconhecido,
limpou o punhal e disse
ou sugeito esmorecido.
A moça naquela hora
entrou na mata fechada,
e José botou-lhe o pé
porém perdeu a caçada,
a mata era tão escura
que ele não via nada,
�>
— 14 —
Mais não se desanimou
seguiu atrais da donzela,
fica ele procurando
sem achar roteiro dela,
vou falar noutro capanga
que se encontrou com ela.
O leitôr está lembrado
que Maria e a cabroeira,
estár naquela montanha
porque dali fez trincheira,
justamente esse bandido
era de sua fileira.
Ele vinha beber agua
junto com o Bronzeado,
quando viram um vulto branco
passar bastante apressado,
correram atrais p'ra saber
e trazer o resultado.
Mais atrais vinha José
correndo como uma fera,
só em busca de saber
aquela moça quem era,
não ia lhe ofender
como antes lhe dissera.
Com meia hora depois
ele oviu ela gritar,
meu Deus meu pai Poderôso
quem vem aqui me salvar,
José para o dito canto
correu sem se demorar.
�— 15 —-
Adiante ele encontrou
um bandido lhe forçando,
e o outro ali de parte
emuma pedra esperando,
José gritou cabroeira
eu agora vou chegando,
Puxou o grande punhal
e meteu em Bronzeado,
o ferro entrou nas costelas
foi sair do outro lado,
o cabra não deu um pio
o ferro era envenenado.
O outro soltou a moça
e procurou a correr,
José meteu lhe uma bala
ele caiu sem querer,
por cima do chic chic
onde veio a falecer.
A moça quis ir embora
mais José lhe explicou,
menina eu sou um peverso
mais meu coração mudou,
não quero lhe ofender
me conte o que se passou.
Ela conhecendo que
não havia falsidade,
disse a ele bom rapaz
vou lhe contar a verdade,
e depois você me mata
se houver necessidade.
�- 16 —
O meu pai é dono dá
fazenda São Januario,
minha mãe é Ana Mendes
ele Alfredo Apolinario,
os quais tinham confiança
em um ente salafrario,
Um dia foi passear
com minha mamãe querida,
o seu capatais queria
me deixar prostituida,
e nesta mata ele ia
tirar minha pobre vida.
O senhôr me defendeu
como um homem de ação,
eu corri porque temia
de sua parte traição,
mais já vi que o senhor
é um nobre cidadão.
José naquele momento
ficou muito constrangido,
de ser um grande assassino
e então arrependido
contou a ela chorando
o seu triste acontecido.
A moça disse o senhor
pode ser feliz um dia,
na escritura sagrada
o nosso Jesus dizia,
que quem se arrependesse
nas trevas não entraria.
�— 17 —-
Dimas robou e matou
no diserto do Egito,
mais na hora de morrer
arrependido e eontrito
de Jesus teve o perdão
entrou no reino bendito.
Gestas o seu companheiro
como não arrependeu-se,
dos crimes que praticou
a sua alma perdeu-se,
na escritura sagrada
este grande causo deu-se
Por isto peço a você
abandone este viver,
que Deus quer a sua alma
quando você falecer,
do contrario eternamente
no inferno irá sofrer.
José disse nobre moça
eu estou arrependo,
vou leva-la em sua casa
e não serei mais bandido,
não quero que meu espirito
vá p'ro inferno perdido.
Muito bem disse a donzela
creia tndo pela luz
do Divino Redentor
que sofreu por nós; Jesus
e terais como creada
Diana Mendes da Cruz.
�— 18 —-
Vamos, respondeu José
sair desta mata escura,
e doravante serei
filho de Deus da Natura,
Diana saiu contente
com aquela criatura.
Vamos falar em Maria
com a sua cabroeira,
que estava na estrada
de punhal e cartucheira,
atacando quem passava
com sua mão carniceira.
Bronzeado mais o outro
ela não foi procurar,
pensou que tinham fugido
em busca de outro lugar,
também sobre seu filhinho
não quis mais imaginar.
Visto que a casa velha
alguem tinha derrubado,
ela julgou que o filho
tivesse se acabado,
e ele tão perto dela
já da vida revoltado.
Na hora que José vinba
com a moça p'ra estrada,
Maria com os bandidos
lhe botaram uma emboscada,
José puxou o punhal
para topar a parada.
�- 19 —
Diana mandou José
guardar o grande punhal,
e disse a ele Jesus
nosso Pai Celestial,
há de cobrir nossas vidas
com o manto Divinal.
José guardou o punhal
a cabroeira encostou,
Maria toda equipada
dele se aproximou,
cuspiu-lhe a cara dizendo
me diga si se zangou?
José disse não senhora
não me zango com ninguém,
a senhora quer dinheiro
mais seu criado não tem
disse ela e essa moça
vem de perto ou do alem?
José foi abrindo a bôca
para dizer a verdade,
levou grande bordoada
da mãe da perversidade,
a moça ficou chorando
pois já lhe tinha amizade.
Maria a grande capanga
não sabia que batia,
no filhinho que tivera
naquele serrote um dia
ninguem lhe dissera nada
e ela não conhecia.
�— 20 —-
Quando José levantou-se
de corda foi amarrado,
em um pé de arueira
muito grande e bem frondado,
e a moça tambem foi
amarrada do seu lado.
Diana disse a José
não renuncie a Jesus,
vamos morrer nesta arvore
e ele morreu na cruz
José disse lá no céu
ele me dará a luz.
Maria a grande bandida
viu bem na cintura dele,
um punhal e ela disse
com aquele punhal nele,
vou fura-lo a vagarinho
para eu ver fim dele.
E a mocinha tambem
passa no mesmo punhal,
pois não vai ficar sosinha
no mundo passando mal,
certamente já perdeu
a capela virginal.
A bandoleira notou
que tiraria proveito
disse para Diana:
p'ro vecês só tem um geito
se José ficar comigo
como amante, eu o aceito.
�- 21 —
José disse eu não aceito
quero que solte Diana
mais a moça constrangida
disse para a desumana,
eu morro por este moço
porque é muito bacana!
Sendo assim disse Maria
tudo resolve-se agora,
puxou da cintura dele
o punhal grande p'ra fora,
mais quando avistou a lâmina
mirou mais de uma hora.
Depois perguntou a ele
quem lhe deu este punhal,
José disse minha mãe
mulher do tipo animal,
que não conhece direito
nem Poder Celestial.
Em uma furna medonha ,
ela de mim descansou,
na casa de uma velha
com dois dias me deixou,
este ferro melindroso
ela me presenteou.
Nunca vi mãe tão ruim
o tanto que foi a minha,
deixou seu filho querido
na casa duma velhinha,
e saiu pelo sertão
brigando como a murrinha.
�— 22 —-
Se toda mãe neste mundo
fosse a de José Maria,
eu perdoava a minha
quando vela qualquer dia,
mais sei que não é igual
ela é mãe da tirania.
Maria naquela hora
sentiu grande comoção,
abraçou José disendo
filho do meu coração,
eu sou tua mãe perversa
preciso do teu perdão.
Disendo aquilo soltou-o
e a mocinha também,
chorando como uma louca
como quem teve e não tem,
José vendo aquele ato
começou chorar também.
Os bandoleiros disseram
a chefe estar sem juizo
Maria disse meninos
de vocês mais não preciso
eu quero ver se um dia
goso o santo paraíso.
Os cabras pegaram reta
e Maria soluçando,
abraçando o seu filhinho
com as lagrimas lhe molhando,
e Diana mui tristonha
esta cena observando.
�José disse minha mãe
vamos agora aranjar,
um roçado de algodão
que eu quero trabalhar,
e a senhora também
irá comigo morar.
Diana disse eu também
vou trabalhar no roçado,
mais José lhe disse não
o seu pai é potentado,
e não vai deixar você
casar com um arrasado.
Vamos para sua casa
seu pai está constrangido,
porque pensa que você
teve um futuro perdido,
Diana disse você terá que ser meu marido.
Com dia e meio chegaram
na fazenda Januario,
José contou o passado
a Alfredo Apolinario,
o velho disse você
é um homem necessario.
Visto isto você fica
no lugar do capataz
com a sua mãe querida
gozando a vida na paz
pois um favor como este
somente você me faz.
�— 24 —-
Diana disse meu pai
faça a ele o pagamento,
da minha mão de donzela
em um feliz casamento,
porque eu acho que ele
tambem tem o mesmo intento.
Alfredo disse filhinha
ele quer e você quer,
eu dou com todo praser
pois sou homem de mister,
com dois meses ela foi
do bandoleiro a mulher.
Casaram bem satisfeitos
com dessencia e com valor
eu sei de toda história
e como sou escritor
escrevi, porem Camilo
é o legítimo editor.
Maria morreu sorrindo,
Amando ao seu filhinho
Edenunciou o caminho,
Infeliz que ia indo
O seu enterro foi lindo
Propovo do fazendeiro
Alfredo muito ligeiro
Uma oração resou
Lá no Céu Maria entrou
O caso foi verdadeiro
FIM
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Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Acervo Raymond Cantel
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
CRLA-Archivos - Université de Poitiers
Description
An account of the resource
(Português)
Acervo Raymond Cantel foi formado a partir da coleção de folhetos reunida por Raymond Cantel durante as suas viagens ao Brasil, desde 1959 até o início dos anos 80, sendo constituída por mais de 4000 documentos. Trata-se da maior coleção francesa e uma das maiores coleções europeias de literatura de cordel brasileira.
Foi doada à Universidade de Poitiers, sob a custódia do CRLA-Archivos (Centre de Recherches Latino-Américaines-Archivos), em 2001, por Paulette e Jacques Cantel, mulher e filho do pesquisador. Encontra-se, atualmente, na sala 124 da Maison des Sciences de l’Homme et de la Société (MSHS), com previsão de mudança para o setor de Acervos Antigos da Biblioteca Universitária da Faculdade de Letras, em 2023. Karina Marques e Sandra Teixeira, professoras do Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros, são as responsáveis científicas pelo acervo.
Os folhetos foram os primeiros documentos do acervo catalogados, digitalizados e disponíveis para consulta a um público alargado através da “Biblioteca Virtual Cordel” (https://cordel.edel.univ-poitiers.fr/), que foi ao ar 2014, ano de comemoração do centenário de nascimento de Raymond Cantel. Além dos folhetos brasileiros, parte mais numerosa e fundadora da coleção, documentos de outras origens vieram a ser incluídos: 121 livretos portugueses; 80 franceses (sendo 1 em provençal e 1 em pictavo-sântone); 22 em espanhol; 18 em catalão; 18 italianos e 1 em alemão. Todas as fichas catalográficas dos documentos do acervo estão disponíveis no portal, juntamente com alguns folhetos digitalizados. Os demais documentos poderão ser solicitados através do email karina.marques@univ-poitiers.fr , mediante análise do pedido, que, se autorizado, implicará na assinatura de um termo de confidencialidade, com valor jurídico para a proteção da propriedade intelectual da obra em questão.
A essa coleção original, vieram somar-se outras que se encontram em tratamento:
- “Coleção biobibliográfica Cantel/cordel” : composta por manuscritos de artigos escritos pelo pesquisador; matérias sobre a sua figura e trabalho publicadas em jornais brasileiros e franceses; e a correspondência trocada com escritores e cordelistas brasileiros – este material enriquece sobremodo o conjunto, visto que revelador do contexto em que a coleção se formou e de sua inserção no fluxo de intercâmbios culturais e científicos entre a França e o Brasil (digitalizada e catalogada em sua quase totalidade, mas aberta à inclusão de documentos relevantes, ainda não disponível on-line).
-“Coleção audiovisual Cantel/cordel”: registros sonoros de conferências proferidas por Cantel no Brasil; apresentações em vídeo e áudio de poetas, cantadores e repentistas gravadas pelo pesquisador e seus colaboradores; gravações de música popular brasileira (apenas a parte sonora foi digitalizada, ainda não disponível on-line).
- “Col. Nélida Piñon”: coleção constituída por 48 documentos, composta, na sua grande maioria, por títulos clássicos da literatura de cordel, escritos entre os anos 50 e 70 e reeditados pela Editora Luzeiro. A doação foi feita aquando da entrega do título de Doutor Honoris Causa à escritora pela Universidade de Poitiers, em 1997 (inteiramente digitalizada e catalogada, apenas as fichas catalográficas estão disponíveis on-line).
- “Col. Neuma Fechine Borges”: coleção composta por 7 folhetos de grandes nomes de literatura de cordel, escritos entre os anos 50 e 80, doados pela professora de literatura brasileira da Universidade Federal da Paraíba, aquando da entrega do título de Doutor Honoris Causa a essa escritora brasileira pela Universidade de Poitiers, em 2005 (inteiramente digitalizada e catalogada, apenas as fichas catalográficas estão disponíveis on-line).
- “Col. Marcelo Soares”: 30 xilogravuras do artista Marcelo Soares doadas ao acervo aquando da sua participação em exposições montadas no âmbito das festividades programadas durante o Ano do Brasil na França, em 2005 (ainda não digitalizada, nem catalogada).
- “Col. Francisca Pereira dos Santos (Fanka)”: coleção de autoria feminina reunindo 213 folhetos, escritos sobretudo entre os anos 90 e a primeira década do século XX, dentre os quais foram identificadas 34 ilustradoras e xilogravadoras e 62 cantadoras repentistas. A coleção foi constituída entre 2011 e 2013, aquando da estadia para pesquisa desta professora e pesquisadora de biblioteconomia da Universidade Regional do Cariri (UCA) na Universidade de Poitiers entre 2011 e 2013. (ainda não digitalizada e nem catalogada pelo CRLA-Archivos; catálogo pessoal da autora publicado em livro: O livro Delas: catálogo de mulheres autoras no cordel e na cantoria nordestina, Fortaleza : IMEPH, 2020).
- “Col. Augusto Nobre”: constituída por 137 folhetos, além de livros e livretos que carregam a estrutura de poesias rimadas em estrofes. Esses documentos foram coletados entre setembro de 2012 e maio de 2013, durante a estadia deste professor de física da Universidade Regional do Cariri (UCA) na Universidade de Poitiers (ainda não digitalizada, nem catalogada pelo CRLA-Archivos; catálogo pessoal do autor publicado em livro: Folhetos de cordel científicos: um catálogo e uma sequência de ensino, São Leopoldo: Trajetos Editorial, 2017).
Desde o fim de 2018, com o registro da literatura de cordel e dos seus bens conexos (cantoria e xilogravura) como patrimônio cultural imaterial brasileiro junto ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), os esforços da equipe lusista do CRLA-Archivos têm se voltado à catalogação e digitalização da “coleção biobibliográfica Cantel/cordel” de forma a dar a conhecer a figura desse pesquisador cujo papel no processo de patrimonizalização do cordel é inquestionável. Juntamente com essa coleção, duas conferências proferidas pelo pesquisador no Brasil (Bahia, 1965 (?)/ Brasília, 1970) foram catalogadas e digitalizadas.
Para reconstituir o espírito de sinergia criado por Cantel e no respeito aos direitos autorais dos múltiplos atores sociais envolvidos, os demais documentos da “Coleção audiovisual ssCantel/cordel” serão, igualmente, objeto de tratamento posterior, para eventual publicação on-line – aberta ou restrita – na “Biblioteca Virtual de Cordel” (https://cordel.edel.univ-poitiers.fr/) ou consulta local na Universidade de Poitiers. O mesmo ocorrerá com a “Coleção de xilogravura Marcelo Soares” e com as demais coleções de cordel doadas por outros colecionadores.
Todo esse corpus numérico será armazenado na plataforma digital francesa Huma-Num de forma a ser estocado de forma perene, acessível de forma rápida e segura, e disponível facilmente para pesquisa e interação de metadados.
Sobre Raymond Cantel
Raymond Cantel (1914-1986), eminente professor e pesquisador francês, lecionou durante anos na Universidade de Poitiers, onde dirigiu a faculdade de Letras e fundou o Centre de Recherches Latino-Américaines (CRLA), em 1966, antes de concluir sua carreira em Paris na Universidade Sorbonne. Entre o final dos anos 1950 e os anos 1960, após análises marcantes sobre o padre Antônio Vieira, começou a reunir uma coleção de folhetos, além de diversos materiais relativos à literatura de cordel produzida no Brasil (gravações, vídeos, etc.).
Desde então, a paixão de Cantel pela cultura popular brasileira tornou-se cada vez mais forte, desdobrando-se em uma série de estudos, e, principalmente, não cessando de alimentar sua coleção de cordel, que cresceu ao longo de inúmeras viagens e por intermédio de uma ampla rede de contatos naquele país.
Com o passar dos anos, tal acervo, hoje sob a guarda do CRLA desde a doação oficial em 2001, transformou-se em uma das mais importantes coleções europeias de literatura de cordel brasileira, e constitui um testemunho ímpar da história da produção do cordel. A valorização deste patrimônio permite interrogar a noção de cultura “popular” e adotar uma perspectiva multidisciplinar quanto à diversidade dos suportes semióticos em jogo: folheto, cantoria, desenho, gravura…
A partir do registro da Literatura de Cordel na lista do patrimônio cultural imaterial brasileiro do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), no dia 19 de setembro de 2018, houve um recrudescimento do interesse por parte dos pesquisadores, cordelistas e leitores de cordel pelos agentes históricos envolvidos nesse processo de patrimonialização. Dentre eles, encontra-se a figura de Raymond Cantel cuja importância para a historiografia do cordel é ponto assente, tanto entre acadêmicos, quanto no seio da comunidade produtora e difusora dessa arte. Nesse sentido, Ulpiano T. Bezerra de Meneses afirma que a Cantel devemos a própria fixação do termo “cordel” para identificação desse bem cultural brasileiro: “já o termo cordel […] não é atestado como norma corrente, nem como denominação exclusiva, senão a partir de 1950s, por influência de Raymond Cantel, um especialista na littérature de colportage […] De todo modo a expressão ‘cordel’ é bastante usual e cômoda para abrigar os múltiplos componentes desse bem.” (“Solicitação de registro da ‘Literatura de Cordel’ como patrimônio cultural brasileiro”, Portal do Iphan, 19/9/2018, p. 2 <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/cordel.pdf>).
__________________________
(Français)
Le Fonds Raymond Cantel a été créé à partir de la collection de livrets de littérature de colportage brésilienne réunie par Raymond Cantel pendant ses voyages au Brésil, de 1959 jusqu’au début des années 80. La collection est constituée de plus de 4000 documents. Il s’agit de la plus grande collection française et de l’une des plus grandes collections européennes de littérature de Cordel.
Il fut légué à l’Université de Poitiers en 2001, sous la tutelle du CRLA- Archivos (Centre de Recherches Latino-Américaines-Archivos), par Paulette et Jacques Cantel, respectivement épouse et fils du chercheur. Actuellement, la collection se trouve dans la salle 124 de la Maison des Sciences de l’Homme et de la Société (MSHS), mais son déménagement vers le secteur du Fonds Ancien de la Bibliothèque Universitaire de la Faculté de Lettres et Langues est prévu en 2023. Karina Marques et Sandra Teixeira, enseignantes du Département d’études portugaises et brésiliennes, sont les responsables scientifiques du Fond.
Les livrets de Cordel, connus sous le nom de folhetos, furent les premiers documents du Fonds à être catalogués, numérisés et mis à disposition pour consultation d’un large public à travers la « Biblioteca Virtual Cordel » (https://cordel.edel.univ-poitiers.fr/), mise en ligne en 2014, année de célébration du centenaire de la naissance de Raymond Cantel. En plus des livrets brésiliens, qui constituent la partie fondatrice de la collection, et la plus conséquente, des documents d’autres origines y ont été inclus : 121 livrets portugais ; 80 français (dont un en provençal et un autre en poitevin-saintongeais) ; 22 en espagnol ; 18 en catalan, 18 en italien et 1 en allemand. Toutes les fiches des catalogues des documents du Fonds sont disponibles en ligne avec quelques livrets numérisés. D’autres documents peuvent être sollicités à l’adresse électronique karina.marques@univ-poitiers.fr. Un terme de confidentialité juridiquement valable pour la protection de la propriété intellectuelle de chaque ouvrage envoyé devra être signé, après analyse de la demande et une décision favorable.
À cette collection originale sont venues s’ajouter d’autres collections, en cours de traitement :
- « Collection biobibliographique Cantel/cordel » : composée de manuscrits d’articles écrits par le chercheur, des reportages sur sa personne et son travail publiés dans des journaux brésiliens et français, ainsi que sa correspondance échangée avec des écrivains et des auteurs de Cordel brésiliens. Ce matériel enrichit grandement tout l’ensemble, puisqu’il est révélateur du contexte dans lequel s’est formée la collection et de son insertion dans le flux d’échanges culturels et scientifiques entre la France et le Brésil (numérisée et cataloguée dans sa quasi-totalité, mais ouverte à l’inclusion de documents pertinents ; pas encore mise à disposition en ligne).
- « Collection audiovisuelle Cantel/cordel » : des enregistrements sonores de conférences prononcées par Cantel au Brésil ; des présentations de poètes, cantadores et repentistas en vidéo et audio, enregistrées par le chercheur et ses collaborateurs, ainsi que des enregistrements de musique populaire brésilienne (seule la partie sonore a été numérisée, mais n’est pas encore disponible en ligne).
- « Collection Nélida Piñon » : collection constituée de 48 documents, composée, en majorité, par des classiques de la littérature de colportage, écrits entre les années 50 et 70 et réédités par la maison d’édition Luzeiro. Léguée lors de la remise du titre de Docteur Honoris Causa à cette écrivaine en 1997 par l’Université de Poitiers (entièrement numérisée et cataloguée, mais seules les notices bibliographiques sont disponibles en ligne).
- « Collection Neuma Fechine Borges » : collection composée de 7 livrets de grands noms de la littérature de colportage brésilienne, écrits entre les années 50 et 80, légués par cette professeure de littérature brésilienne de l’Université Fédérale de la Paraíba lorsqu’elle a reçu le titre de Docteur Honoris Causa en 2005 par l’Université de Poitiers (entièrement numérisée et cataloguée, mais seules les notices bibliographiques sont disponibles en ligne).
- « Collection Marcelo Soares » : 30 xylogravures (gravures sur bois) de l’artiste Marcelo Soares léguées au Fonds lors de sa participation à des expositions organisées dans le cadre des festivités programmées pendant l’Année du Brésil en France en 2005 (pas encore numérisée ni cataloguée).
- « Collection Francisca Pereira dos Santos (Fanka) » : collection constituée d’ouvrages écrits par des auteurs femmes, qui réunit 213 livrets, écrits surtout entre les années 90 et la première décennie du XXème siècle, parmi lesquels furent identifiées 34 illustratrices et xylograveuses et 62 repentistas. La collection fut réunie entre 2011 et 2013, au moment du séjour de recherche de cette professeure et chercheuse en bibliothéconomie de l’Université Régionale du Cariri (UCA), à l’Université de Poitiers entre 2011 et 2013 (pas encore numérisée ni cataloguée par le CRLA-Archivos ; le catalogue personnel de l’auteure est publié en livre sous le titre : O livro Delas : Catálogo de mulheres autoras no cordel e na cantoria nordestina, Fortaleza : IMEPH, 2020)
- « Collection Augusto Nobre » : constituée de 37 livrets de Cordel en plus de livres et d’autres types de livrets écrits sous la forme de poésie de poésies rimées en strophes. Ces documents furent collectés entre septembre 2012 et mai 2013, pendant le séjour de ce professeur de physique de l’Université Régionale du Cariri (UCA) à l’Université de Poitiers (pas encore numérisée ni cataloguée par le CRLA-Archivos ; catalogue personnel de l’auteur publié en livre sous le titre : Folhetos de cordel científicos : um catálogo e uma sequência de ensino, São Leopoldo : Trajetos Editorial, 2017).
Depuis fin 2018, avec l’inscription de la littérature de colportage et de ses biens connexes (xylogravure et cantoria) au patrimoine culturel immatériel brésilien par l’IPHAN (Institut du Patrimoine Historique et Artistique National), les efforts de l’équipe lusiste du CRLA-Archivos ont été consacrés au catalogage et à la numérisation de la « collection biobibliographique Cantel/ Cordel », de façon à faire connaître ce chercheur dont le rôle dans le processus de patrimonialisation du Cordel est indéniable. Avec cette collection, deux conférences prononcées par le chercheur au Brésil (Bahia, 1965 (?)/ Brasília, 1970) ont été cataloguées et numérisées.
Pour reconstruire l’esprit de synergie créé par Cantel et dans le respect des droits d’auteur des divers acteurs sociaux impliqués, les autres documents de la « Collection audiovisuelle Cantel/Cordel » feront également l’objet d’un traitement ultérieur, pour une éventuelle publication en ligne – en accès ouvert ou restreint – dans la « Bibliothèque Virtuelle Cordel » (https://cordel.edel.univ-poitiers.fr/) ou consultation présentielle à l’Université de Poitiers. La même procédure est prévue pour la “Collection de xylogravure Marcelo Soares” ainsi que pour les autres collections de littérature de Cordel léguées par d’autres collectionneurs.
Tout ce corpus numérique sera stocké sur la plateforme numérique française Huma-Num pour être sauvegardé de façon pérenne, rapidement accessible en toute sécurité, et facilement disponible à la recherche et à la communication de métadonnées.
À propos de Raymond Cantel
Raymond Cantel (1914-1986) fut un éminent professeur et chercheur français. Il enseigna pendant des années à l’Université de Poitiers, où il dirigea la faculté de Lettres et Langues et fonda le Centre de Recherches Latino-Américaines (CRLA) en 1966, avant de conclure sa carrière à Paris à l’Université de la Sorbonne. Entre la fin des années 1950 et 1960, après de mémorables études sur le Père Antônio Vieira, il commença à réunir une collection de livrets en plus de divers matériels relatifs à la littérature de colportage produite au Brésil (enregistrements audio et vidéo, etc.)
Depuis lors, la passion de Cantel pour la culture populaire brésilienne devint de plus en plus forte, se déployant en une série d’études et, surtout, en alimentant continuellement sa collection de Cordel, qui ne cessa de s’agrandir au long de nombreux voyages et par l’intermédiaire d’un large réseau de contacts dans ce pays.
Au fil des années, ce Fonds, qui aujourd’hui est sous la responsabilité du CRLA depuis son legs officiel en 2001, se transforma en l’une des plus importantes collections européennes de littérature de colportage brésilienne, et constitue un témoignage unique de l’histoire de la production du Cordel. La valorisation de ce patrimoine permet de s’interroger sur la notion de culture « populaire » et d’adopter une perspective multidisciplinaire concernant la diversité des supports sémiotiques en jeux : folhetos, cantoria, dessin, gravures…
A partir de l’inscription de la littérature de Cordel dans la liste du patrimoine culturel immatériel brésilien de l’IPHAN (Institut du Patrimoine Historique et Artistique National), le 19 septembre 2018, il y eut une augmentation de l’intérêt de la part des chercheurs, auteurs et lecteurs de Cordel pour les agents historiques impliqués dans ce processus de patrimonialisation. Nous retrouvons, entre eux, Raymond Cantel dont l’importance pour l’historiographie du cordel est reconnue aussi bien entre les intellectuels qu’au sein des communautés de production et diffusion de cet art. En ce sens, Ulpiano T. Bezerra de Meneses affirme que c’est justement à Cantel que l’on doit la fixation du terme « cordel » pour l’identification de ce bien culturel brésilien : « le terme cordel […] n’est attesté comme norme courante ou dénomination exclusive qu’à partir des années 1950 sous l’influence de Raymond Cantel, un spécialiste de la littérature de colportage […] En tout état de cause, l’expression ‘cordel’ est assez habituelle et commode pour abriter les multiples composantes de ce bien. » (« Solicitação de registro da ‘Literatura de Cordel’ como patrimônio cultural brasileiro», Portail de l’Iphan, 19/09/2018, p. 2 <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/cordel.pdf>).
Folheto
fonds
Fonds auquel appartient le document (ex.: Fonds Raymond Cantel, Nouvelles Acquisitions, Fonds de Femmes, …).
FRC
numero_dans_le_fonds
1112
auteur1_normalise
Mario Paulo
lieu_edition
Lieu d'édition
Campina Grande - PB - Brasil
ill_couv
Présence d'une illustration de couverture
sim
type_ill_couv
Type d'illustration pour la couverture (xilogravure, dessin, photo...)
Xilogravura
illustrateur_couv
Illustrateur de la couverture
Leite, José Costa (JCL)
ill_4_couv
Présence d'une illustration en 4ème de couverture
não
acrostiche
sim
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Type
The nature or genre of the resource
Folheto
Title
A name given to the resource
Bandidos da serra vermelha (Os)
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Mario Paulo
Format
The file format, physical medium, or dimensions of the resource
24
Language
A language of the resource
português
Publisher
An entity responsible for making the resource available
A Estrella da Poesia
Description
An account of the resource
Nome do autor advinhado à partir do acróstico